The Hunter and the Huntsman
Excellence is the only word
that could describe or be attributed to the iconic Swiss Army Knife.
When I was a child growing up
in Brazil most of the men I knew carried at least one pocketknife, but only a
fortunate few had a Swiss Army knife. The Brazilian economy was very
“protected” against imported products, and basically the only way to acquire
one of these magnificent tools was to travel abroad or have someone that
traveled to bring you one.
I remember when I was ten or
eleven years old that one of my father’s friends traveled to Europe and brought
him a Swiss Army knife. I am quite sure that it was a Mountaineer. He
immediately took it to Seo Lavezzo,
the local saddle maker to have a pouch made, and my father carried that knife
for years, until I liberated it. Eventually my dad got a SwissChamp, a
thirty-two-tool monster that is almost impractical in my personal view.
Personally I have been
carrying Swiss Army knives on an almost daily basis in one form or another for
the last quarter of a century, give or take a couple years. The only reason
that I don’t carry them everyday is because of the existing air travel
restrictions on carry-on luggage that were put in place after the 9/11
terrorist attacks. My current strategy is to have spares knifes in the
facilities that I visit most often.
When I started my
professional life after college I still carried my knife on a belt pouch, and
that was immediately noticed by some of my colleagues, to the point that I
received a copy of a fantastic chronic by Brazilian writer Fernando Sabino “Homens de Canivete” that I will include
without permission at the end of this blog.
Currently I use a belt clip
and carry my Huntsman in the right back pocket of my trousers. I consider the
Huntsman the perfect balance between size and usefulness and this is one tool I
would take with me to a desert island.
My wife continuously
complains that this is an expensive habit and it wears down on the same
particular spot therefore reducing the useful life of my clothes, but I just
can’t go around without my trusted companion. However, she did not complain
when my knife had the only can opener around our new house a couple weeks ago,
and saved the day by allowing her to cook an excellent sweet potato casserole.
Even having a nice collection of custom knifes I only
took with me on safari my inseparable
Swiss Army knife and a custom-made single blade friction folder that my father
gave me. Make sure that your knife has scissors, tweezers, corkscrew, and
bottle opener. Good beer doesn’t have twist caps, South African wine is very
good and the scissors and tweezers are very useful for end of the day surgeries
like picking thorns or rounding toenails.
As a final notice I must say that only a Victorinox
rides my belt. I can’t even get used to Wenger, even if the same company owns
them. As for any copy, forget about them, they are not worth the trouble.
Homens de
Canivete
Fernando Sabino
"Os
homens, incidentemente, se dividem também em duas categorias: os que são e os
que não são de canivete.
Eu, por mim, confesso que sou homem de canivete. Meu pai também era: tinha na gaveta da escrivaninha um canivete sempre à mão, um canivetinho alemão com inscriçõesd e propaganda da Bayer. Não se tratava de arma de agressão, mas, ao contrário, destinava-se, como todo canivete, aos fins mais pacíficos que se pode imaginar: fazer ponta num lápis, descascar ma laranja, limpar as unhas.
É, aliás, o que sucede com todos os homens arrolados nesta categoria a que honrosamente me incluo – os homens de canivete: são pessoas de boa paz e que só lançariam mão dele como arma defensiva quando se fizesse absolutamente necessário.
Alegria de criança que não abandona o homem feito: a de ter um canivete. Era de se ver a excitação de com que meu filho de dez anos me pediu que não deixasse de lhe comprar um na Alemanha. È perigoso – advertem os mais velhos, cautelosos – cautela que não resiste à minha convicção de que o menino saberá lidar com ele como é mister, pois tudo faz crer que virá a ser, como o pai, um homem de canivete.
Os mineiros geralmente são. Quem descobriu isso, penso, foi o Otto, que não deixa de sâ-lo, ainda que de chaveiro e, certamente, por atavismo – pois me lembro da primeira pergunta qe lhe fez seu pai ao chegar um dia ao Rio:
- Você sabe onde fica uma boa cutelaria?
Sempre fui um grande freqüentador de cutelarias. Quando o poeta Emílio Moura aparece pelo Rio, não deixo de acompanhá-lo a uma dessas casas para olhar uns canivetes – pois se trata de um dos mais autênticos homens de canivete que eu conheço, e dos de fumo-de-rolo. Entre meus amigos mais chegados, embora nem todos o confessem, muitos fazem parte dessa estranha confraria. Paulo Mendes Campos não esqueceu de recomendar-me determinada marcad e canivete ao saber de minha viagem – e, se bem me lembro, seu pai é um dos infalíveis portadores de canivete que se tem notícia. Rubem Braga também deixou-se denunciar numa esplêndida crônica, “A Herança”, que pode ser lida em Borboleta Amarela, a respeito de um irmão que abria mão de tudo, mas reclamava do outro a posse de um canivete.
Alguns continuam sendo homens de canivete, mesmo que hajam perdido o seu ainda na infância. Aliás, os homens de canivete vivem a perdê-lo, não sei se pelo prazer de adquirir outro. Para identificá-lo, basta estender a mão e pedir: me empresta aí o seu canivete. Se se tratar de alguém que o seja, logo levará naturalmente a mão ao bolso e retirará o seu canivete. Foi o que fez Murilo Rubião, por exemplo, que é outro: ao chegar da Espanha, a primeira coisa que me exibiu foi seu belo canivete, adquirido em Sevilha.
Para terminar, digo que não há desdouro algum em não ser homem de canivete. Há homens de ferramenta, de isqueiro, de chaveiro e até de tesourinha. Graciliano Ramos não era homem de navalha? Homens de revólver é que não são uma categoria das que mais admiro: até parece que não são homens, para precisar de uma proteção que lhes poderia propiciar, em caso de necessidade, um simples canivete."
Eu, por mim, confesso que sou homem de canivete. Meu pai também era: tinha na gaveta da escrivaninha um canivete sempre à mão, um canivetinho alemão com inscriçõesd e propaganda da Bayer. Não se tratava de arma de agressão, mas, ao contrário, destinava-se, como todo canivete, aos fins mais pacíficos que se pode imaginar: fazer ponta num lápis, descascar ma laranja, limpar as unhas.
É, aliás, o que sucede com todos os homens arrolados nesta categoria a que honrosamente me incluo – os homens de canivete: são pessoas de boa paz e que só lançariam mão dele como arma defensiva quando se fizesse absolutamente necessário.
Alegria de criança que não abandona o homem feito: a de ter um canivete. Era de se ver a excitação de com que meu filho de dez anos me pediu que não deixasse de lhe comprar um na Alemanha. È perigoso – advertem os mais velhos, cautelosos – cautela que não resiste à minha convicção de que o menino saberá lidar com ele como é mister, pois tudo faz crer que virá a ser, como o pai, um homem de canivete.
Os mineiros geralmente são. Quem descobriu isso, penso, foi o Otto, que não deixa de sâ-lo, ainda que de chaveiro e, certamente, por atavismo – pois me lembro da primeira pergunta qe lhe fez seu pai ao chegar um dia ao Rio:
- Você sabe onde fica uma boa cutelaria?
Sempre fui um grande freqüentador de cutelarias. Quando o poeta Emílio Moura aparece pelo Rio, não deixo de acompanhá-lo a uma dessas casas para olhar uns canivetes – pois se trata de um dos mais autênticos homens de canivete que eu conheço, e dos de fumo-de-rolo. Entre meus amigos mais chegados, embora nem todos o confessem, muitos fazem parte dessa estranha confraria. Paulo Mendes Campos não esqueceu de recomendar-me determinada marcad e canivete ao saber de minha viagem – e, se bem me lembro, seu pai é um dos infalíveis portadores de canivete que se tem notícia. Rubem Braga também deixou-se denunciar numa esplêndida crônica, “A Herança”, que pode ser lida em Borboleta Amarela, a respeito de um irmão que abria mão de tudo, mas reclamava do outro a posse de um canivete.
Alguns continuam sendo homens de canivete, mesmo que hajam perdido o seu ainda na infância. Aliás, os homens de canivete vivem a perdê-lo, não sei se pelo prazer de adquirir outro. Para identificá-lo, basta estender a mão e pedir: me empresta aí o seu canivete. Se se tratar de alguém que o seja, logo levará naturalmente a mão ao bolso e retirará o seu canivete. Foi o que fez Murilo Rubião, por exemplo, que é outro: ao chegar da Espanha, a primeira coisa que me exibiu foi seu belo canivete, adquirido em Sevilha.
Para terminar, digo que não há desdouro algum em não ser homem de canivete. Há homens de ferramenta, de isqueiro, de chaveiro e até de tesourinha. Graciliano Ramos não era homem de navalha? Homens de revólver é que não são uma categoria das que mais admiro: até parece que não são homens, para precisar de uma proteção que lhes poderia propiciar, em caso de necessidade, um simples canivete."
Though I seldom carry mine any more as it wears the battle scars of 40 yrs of use and abuse, I still have my first Victorinox that at the tender age of 11 mother allowed me to buy at the army PX in Caracas.
ReplyDeleteIn order to keep mother happy and save your pants from the clip damage you can do as I show here with some iron on patches from your local fabric store. http://isserfiq.blogspot.com/2012/12/repairs-of-textile-sort.html
ReplyDeleteRodrigo, essa coisa de homem de canivete é mesmo interessante. Eu sempre apreciei canivetes, dom hereditário. Na casa dos meus pais tinha um canivetinho pequeno de cabo de madre pérola com duas lâminas que era usado para pequenas incisões, como: cortar um calo ou mesmo tirar algum espinho. Este canivetinho era muito estimado por todos de casa e levava uma gravação swiss made, não me lembro a marca.
ReplyDeleteMe pai fabricou diversos canivetes, mas infelizmente não pude segurar nenhum , sumiram todos.
Eloir